PROVA ESCRITA DE DIREITO
GRUPO
I
"Decidido atribuir à
causa valor situado dentro da alçada da Comarca, ao interpor recurso dessa decisão deve a parte expressamente referir
como fundamento da admissibilidade do
recurso toe aquele valor excede a
referida alçada.""
Acórdão da Relação de Coimbra de 10 de Março 87.
1. Explicite
o sentido da expressão —alçada do tribunal de Comarca
O valor até ao qual o tribunal julga sem possibilidade de recurso para
tribunal superior.
2. O juiz é a figura
suprema dentro do Tribunal.
Refira as
características do cargo de juiz, explicando-as sucintamente.
São
independentes e apenas estão sujeitos à lei. Esta dependência traduz-se no
facto de o juiz não estar submetido a quaisquer ordens ou instruções quanto à
maneira de julgar as causas. As decisões dos tribunais são obrigatórias para
todas as entidades públicas e privadas e prevalecem sobre as quaisquer outras
autoridades. Os atributos de inamovibilidade e irresponsabilidade dos juízes
contribuem para garantir a independência dos tribunais:
Inamovibilidade:
Caracteriza-se pelo facto de os magistrados judiciais serem nomeados
vitaliciamente e não poderem ser transferidos, suspensos, promovidos,
aposentados, demitidos ou por qualquer forma mudados de situação, senão nos
casos previstos na lei.
Irresponsabilidade:
Os juízes não podem ser responsabilizados pelas suas decisões, a não ser nos
casos especialmente previstos na lei.
A
independência dos tribunais caracteriza-se, também, pelo facto de o juiz
decidir segundo o critério que considera certo, sem ter de obedecer a ordens ou
instruções. O juiz encontra-se unicamente vinculado à lei. A confiança na
justiça dos tribunais garante-se também pelo facto de as audiências deste serem
públicas, salvo decisão em contrário.
3. Explicite,
em que situação é que a decisão do
Tribunal constitui fonte de direito, segundo
o sistema jurídico português.
Quando
o conjunto das decisões dos tribunais formam uma corrente jurisprudencial que
se designa jurisprudência e que se usa
frequentemente para designar a orientação geral seguida pelos tribunais no julgamento
dos diversos casos concretos da vida social. Outras vezes, é entendida como o
conjunto de decisões dos tribunais sobre os litígios que lhe são submetidos.
Tais
decisões podem assumir a forma de:
- Sentenças:
quando proferidas por um tribunal singular.
- Acórdãos:
quando proferidas por um tribunal colectivo (pelo menos 3 juízes).
Uma
questão que se coloca é a de saber se esses modos de decidir têm validade além
do respectivo processo, criando regras para os casos futuros. É o que acontece
nos sistemas jurídicos inglês e americano, em que a jurisprudência é a fonte do
direito.
Entre
nós, o juiz tem de julgar unicamente de “harmonia com a lei e a sua
consciência”, sendo perfeitamente irrelevante que a sai decisão contrarie a que
tenha sido tomada por outro tribunal, ainda que de categoria mais elevada.
A
jurisprudência não é fonte imediata do Direito; contudo, na medida em que ao
longo dos tempos vai explicitando uma determinada consciência jurídica geral,
contribui para a formação de verdadeiras normas jurídicas.
4. Os Tribunais são órgãos de soberania.
Enumere os outros órgãos de soberania previstos na Constituição
da República Portuguesa.
Assembleia de República; Presidente da República e
Governo.
GRUPO
II
""1.
De acordo com o preceituado no artigo 10891 do Código Civil, a fixação da renda em "cudos
é elemento essencial do contrato de arrendamento; sem uma retribuição assim fixada, jamais se poderá estar perante um contrato de arrendamento (urbano e
rústico não rural).
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Acórdão de 18.07.85.
2.1. Caracterize o contrato de arrendamento.
O
contrato de arrendamento é um negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, ou
contratos: há duas ou mais declarações de vontade, com conteúdos diversos e até
opostos, mas que se harmonizam ou conciliam reciprocamente, com vista à
produção de um resultado jurídico unitário, embora com um significado diferente
para cada uma das partes.
Contratos
bilaterais geram obrigações para ambas as partes e podem ser:
Sinalagmáticos:
ambas as partes contraem obrigações e estão ligadas entre si por um nexo de
causalidade (a compra e venda). Oneroso: pressupõem atribuições patrimoniais de
ambas as partes, existindo uma relação de equivalência entre as referidas
atribuições, ou seja, cada uma das partes dá e recebe, considerando aquilo que
dá como retribuído, se contrabalançando por aquilo que recebe. Negócios
jurídicos consensuais, ou não solenes o negócio jurídico consiste numa
declaração de vontade destinada a produzir efeitos de Direito. Para haver
declaração tem de existir sempre um meio de a exteriorizar. Ora, o modo de
revelação ou exteriorização da vontade é justamente o que em Direito se chama
forma, e por isso o dizer-se que toda a declaração tem de ter uma forma.
2. 2. Indique os elementos essenciais dos contratos.
Elementos
essenciais genéricos: são aqueles que têm de existir em todo e qualquer negócio
jurídico, tais como: capacidade das partes, declaração de vontade, objecto
possível e fim.
Elementos
essenciais específicos: são aqueles que se mostram essenciais para a existência
de um negócio jurídico concreto, diferenciando-o, no entanto, dos restantes.
Trata-se, assim, das cláusulas que distinguem um certo tipo negocial dos
restantes tipos.
2.3. Suponha que um indivíduo de 21 anos, evidenciando
de forma notória, mas não de modo permanente, certas perturbações
mentais, celebrou um contrato de arrendamento de um imóvel seu com
um amigo, numa ocasião em que se encontrava mentalmente afectado. Justifique, se este contrato de arrendamento é
válido.
O negócio jurídico é anulável dado que a declaração de
vontade não é consciente. Estamos perante uma
Incapacidade
acidental
Resulta,
como o próprio nome indica, de qualquer causa transitória (embriaguês,
Intoxicação,
estado hipnótico, etc.) que leva a pessoa a agir sem ter consciência dos seus
actos.
logo,
são anuláveis.
GRUPO
III
"Por muito que cobiçarmos os bens alheios, se nos
abstivermos de roubar só por medo de sermos descobertos, cumprimos a lei,
embora moralmente a nossa atitude não seja louvável. O Direito limita-se a
exigir a observância externa dessas regras enquanto são necessárias para a
convivência humana e a paz da comunidade. Impõe um mínimo ético sem o qual a
vida social seria impossível.”LATO RRE, Angel -
Introdução ao Direito,Liv.
Almedina, Coimbra
3.1. No texto são referidas duas das ordens sociais
normativas: ordem moral e ordem
jurídica.
Indique as outras ordens sociais normativas, explicando o seu
conteúdo.
Ordem
Religiosa: É a Ordem da Fé, regula as relações que se estabelecem entre o crente
e Deus ou Deuses. O fundamento das normas religiosas é a própria Divindade,
considerada como um ente superior e perfeito. Trata-se de uma ordem normativa
essencialmente intra-individual que se vai repercutir igualmente na vida
social, portanto, o comportamento dos crentes é condicionado pelos seus valores
religiosos. O não cumprimento das normas religiosas leva a sanções de carácter
extraterreno.
Ordem
do Trato Social: Esta ordem exprime-se através dos usos sociais, que podem ser
da mais diversa natureza. As normas de Trato Social variam dentro da mesma
sociedade, conforme o círculo social. A violação de tais normas implica apenas
uma sanção social inorgânica, que consiste essencialmente num sentimento de
reprovação por parte da comunidade, levando muitas vezes à própria segregação
social do infractor.
3.2. Explique os tipos de relações que podem existir entre as normas
jurídicas e as normas
morais.
Entre
o Direito e a Moral: podem surgir relações de Coincidência:
Dificilmente
se poderá conceber uma Ordem Jurídica totalmente contrária aos conceitos morais
vigentes na sociedade a que respeita, ou que pelo menos não tenha o apoio de um
dos seus sectores mais importantes.
Indiferença
(ou mesmo de conflito): Muitos dos preconceitos jurídicos são irrelevantes para
a Moral. Por vezes também acontece que certas regras de Direito se encontrem em
oposição a regras de Moral.
GRUPO IV
O Despacho 44/ME/87 dispõe: "Foi o Governo notificado do teor do Acórdão 423/87 do Tribunal
Constitucional, em sede de apreciação da constitucionalidade do Dec.-Lei 323/83, de 5-7, que regulamenta a leccionação da disciplina de Religião e
Moral Católicas...”
4.1.
Em matéria de fiscalização da constitucional
idade, explique como pode o Presidente da República promover o controlo da constitucional idade de uma lei.
Através
do exercício do direito de veto, requerendo a fiscalização preventiva da
constitucionalidade das normas. a podem requerer ao Tribunal Constitucional
antes da promulgação, ratificação ou assinatura de qualquer diploma.
Proceder
à fiscalização preventiva da constitucionalidade de qualquer norma constante de
tratado internacional que lhe tenha sido submetido para ratificação, podendo
exercer o direito de veto.
4.
2. Diga em que consiste a fiscalização concreta da constitucional
idade e da legalidade.
Fiscalização
concreta da constitucionalidade: trata dos recursos dirigidos ao Tribunal
Constitucional das decisões dos tribunais que recusem a aplicação de qualquer
norma, com fundamento na sua constitucionalidade ou ilegalidade, ou que a
apliquem quando a inconstitucionalidade ou ilegalidade hajam sido suscitadas
durante o processo
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