PROVA ESCRITA DE DIREITO
GRUPO I
“Uma vez que é impossível
que as séries infinitas de relações entre os vários sujeitos da vida social encontrem na lei o seu regulamento jurídico
específico, e dado que, muitas vezes, as palavras da lei, pelas quais se exprime a vontade do Estado, não são
absolutamente claras e precisas, ou
manifestaram uma vontade diferente da vontade efetiva, torna-se necessário estudar
métodos ou processos lógicos que
melhor sirvam para interpretá-la.”
GROPPALI, Alessandro, "Introdução ao Estudo do
Direito ,
3 ª ed, Coimbra Editora, Ldª., 1978.
1. 0 texto refere que: "(...) é impossível que as séries infinitas
de relações entre os vários sujeitos da vida social
encontrem na lei o seu regulamento jurídico específico (...)"
1.1 Explique como deve proceder o juiz quando lhe
for presente uma situação merecedora de tutela jurídica, mas cuja
solução não esteja prevista na lei.
R: Estamos
perante um caso omisso. Isto significa que a situação não encontra resposta
legislativa. Como o sistema jurídico não admite lacunas é necessário fazer a
sua integração. Assim o juiz deverá procurar no sistema jurídico um caso
análogo. Se não existir nenhum caso que revele alguma identidade com o caso
omisso, o juiz deverá criar uma norma como se fosse o legislador. Esta norma só
se aplica a este caso e a analogia não é possível nas normas excecionais, nas
normas fiscais e normas penais incriminadoras.
1.2.
0 texto também afirma que: "(...) muitas vezes, as palavras da lei não são
absolutamente claras e precisas (... )
Indique os requisitos a que o intérprete pode recorrer quando
pretende fixar o significado e alcance da lei.
R: O
interprete para fixar o significado e alcance da lei deve recorrer à
interpretação da utilizando o elemento gramatical e o elemento lógico (este
elemento subdivide-se no elemento histórico, sistemático e teleológico).
Recorrendo ao
elemento gramatical “ a letra da lei”, consiste na utilização das palavras da
lei, isoladamente e no seu contexto sintático, para determinar o sentido
possível. O elemento lógico, consiste no pensamento legislativo (espírito da
lei) e é constituído por outros fatores a que podemos recorrer para realizar a
interpretação.
1.3. Distinga
interpretação declarativa de interpretação extensiva.
R: A interpretação declarativa é o resultado a que o intérprete
chega quando o sentido que fixou à norma coincide com o significado literal ou
um dos significados literais que o texto comporta, por ser o que corresponde ao
pensamento legislativo. A interpretação extensiva distingue-se porque aqui o intérprete
chega a um resultado diferente dado que vai para além do pensamento
legislativo, porque chega à conclusão que a letra da lei fica aquém do seu
espírito, porque o legislador disse menos do que no fundo pretendia. Nestes
casos torna-se necessário alargar o texto legal. Por exemplo: quando a lei diz
que os pais e avós não podem vender a filhos ou netos, se os outros filhos ou
netos não consentirem na venda, o artigo nada refere quanto aos bisavós, que em
princípio deverão também ser abrangidos pela proibição.
GRUPO II
“Assiste-se por
vezes, em alguns países, a violações dos direitos e liberdades fundamentais, a conflitos entre Estados por não cumprimento de Tratados, à ingerência de
alguns Estados em assuntos internos de outros.”
2.1. Refira o papel que o Direito Internacional Público pode desempenhar na solução
destes conflitos.
R:O Direito
Internacional Público é o conjunto de normas que regulam as relações que se
estabelecem entre os estados e as organizações internacionais, que está dotado
de uma relativa eficácia na resolução dos conflitos internacionais devido ao
facto de não existir um legislador comum, com poder supremo como as ordens
internas dos estados, das normas se encontrarem ainda em formação e não serem
dotadas de coercibilidade e ainda por não existir uma força policial que
obrigue ao cumprimento das normas. No entanto os estados acabam por acatar as
recomendações.
2.2. (...) particularmente devido à falta de um poder organizado, capaz de impor
sanções ao transgressor quando este é urna superpotência, há muitos que
negam a existência de um verdadeiro Direito
Internacional, ou seja, recusam às suas normas o carácter de normas
jurídicas."
MACHADO, J. Baptista,
"Introdução ao Direito e ao
Discurso Legitimador"
Comente esta afirmação, explicitando se as normas de Direito
Internacional têm o carácter de normas jurídicas.
R:Na sociedade
internacional encontramos na verdade um conjunto de normas de conduta que se
consideram obrigatórias para os estados e delimitam as esferas de atuação de
cada um em termos de um critério objetivo de justiça. Tais normas distinguem-se
das normas de cortesia e das normas morais. Estas normas são analisadas e
sistematizadas por peritos e aplicadas pelos tribunais internacionais, tornando
legítima a coação destinada a repor a ordem de justiça violada e porque gozam
de uma vigilância efetiva e normal na prática quotidiana das relações entre os
estados, deve reconhecer-se juricidade e a existência de um verdadeiro direito
internacional público.
GRUPO III
"A
independência do poder judicial em face das
pressões do legislativo, e principalmente do executivo é uma peça insubstituível do Estado de Direito."
DIAZ, Elias, `Estado
de Direito e Sociedade Democráticas”
Iniciativas
Editoriais, Lisboa.
3.1. Uma das características do Estado de Direito é o
princípio da separação de poderes
Explique como é que
este princípio deve ser entendido.
R: O
princípio da separação dos poderes, divide os poderes em legislativo, executivo
e judicial. Mas esta divisão no Estado de Direito não deve entender-se de forma
absoluta. Assim o Governo como executor das leis, deve estar sujeito ao controlo
político parlamentar e à fiscalização jurisdicional dos Tribunais. O poder judicial
deve funcionar como um poder verdadeiramente independente, pois só assim é
possível combater a arbitrariedade dos poderes e os consequentes abusos contra
a liberdade, a justiça e a segurança.
3.2. Indique
as outras características do Estado de Direito.
R: as outras
características do Estado de Direito são: o império da lei, a legalidade da
administração e a garantia jurídico formal e efetiva realização material dos
direitos liberdades e garantias dos cidadãos.
3.3. A independência do poder judicial é uma das
garantias dadas aos magistrados judiciais.
Fundamente esta garantia do exercício da função
judicial.
R: A garantia
da independência é fundamental para o poder judicial pois é uma característica
que é indispensável e que se traduz no facto de o juiz não estar submetido a
quaisquer ordens ou instruções quanto à maneira de julgar as causas, nem
qualquer órgão de soberania poder interferir com a atividade dos tribunais.
GRUPO IV
Considere o Art.° 1207.º. do Código Civil:
“Empreitada é o contrato pelo qual uma das partes se
obriga em relação a outra a realizar certa obra,
mediante um preço "
4.1 Justifique a classificação de contrato oneroso atribuída à empreitada.
R: A
empreitada é um contrato oneroso porque pressupõem atribuições patrimoniais
para ambas as partes, existindo uma relação de equivalência entre as referidas
atribuições, ou seja, cada uma das partes dá e recebe, considerando aquilo que
dá como retribuído, contrabalançado por aquilo que recebe.
4.2 Para que um contrato seja considerado válido, a lei exige certos requisitos. Refira-os.
R: para que o contrato seja considerado válido a lei exige que se
verifiquem os elementos essenciais que se distinguem em elementos genéricos e
elementos específicos. Os elementos genéricos são aqueles que têm que existir
em todo e qualquer contrato para que ele seja válido como por exemplo a
capacidade das partes, a declaração de vontade, objeto possível, fim. Os específicos
são aqueles que se mostram essenciais para a existência de um negócio jurídico
concreto diferenciando-o, no entanto, dos restantes. Trata-se assim de cláusulas
que permitem distinguir os tipos negociais.
4. 3 Com base no texto da lei,
indique um direito subjetivo e um dever jurídico.
R: O direito subjetivo resultante do texto da
lei é a faculdade que tem o sujeito ativo, quem realiza a empreitada de exigir
do sujeito passivo o pagamento do preço. O dever jurídico é o comportamento a
que fica obrigado o sujeito passivo da relação jurídica, neste caso a prestação
do preço.
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